



O Projeto “AprilGrassroots: Construir a Democracia Participativa – Associações populares de Abril no Porto” é financiado por fundos nacionais através da Fundação Ciência e Tecnologia, I.P. (FCT), pela linha concursal «O 25 de Abril e a democracia portuguesa». Teve início em setembro de 2024 e termina em fevereiro de 2026.
É um projeto do Centro de Investigação e Inovação em Educação (inED), desenvolvido em colaboração com as Associações de Abril parceiras – Universidade Popular do Porto (UPP), Associação Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho (ANDST) e Associação de Moradores da Lomba (AML) – e ainda com o Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (IS-UP), o Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (CIIE), o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto (IF) e com o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (IHC).
Resumo do projeto
A tradição associativa portuguesa, cujas raízes remontam ao século XIX e que conheceu uma importante expansão na Primeira República (1910-1926) ligada ao movimento operário e aos ideais socialistas, resistiu ao controlo repressivo da ação associativa pela ditadura e, em alguns casos, constituiu mesmo um espaço de práticas de liberdade e de livre aprendizagem do projeto ideológico do regime. Estas dinâmicas de resistência foram amplificadas a um nível sem precedentes na explosão de liberdades trazida pela revolução de abril.
A nível local, a investigação sobre este tipo de contextos carece ainda de atenção, nomeadamente no que diz respeito aos pressupostos educativos, sociais, políticos e culturais que permanecem nestas instituições subsidiárias de Abril, quer na sua herança e na sua atividade atual, quer na sua sociabilidade e património simbólico. Subsidiárias das emergências sociais de um tempo histórico decisivo, o movimento associativo não é apenas uma circunstância. Como organismo social vivo, o movimento associativo molda a sociabilidade, produz, valida e arquiva saberes e organiza solidariedades em contextos particularmente afectados pelo recuo do Estado-providência. As associações locais assumem características que as validam como instâncias de educação não formal, para além de serem índices culturais e históricos de 50 anos de democracia.
O objetivo deste projeto é contribuir para esse conhecimento sociológico, histórico e educativo sobre o movimento associativo popular do Porto na sua relação com a revolução do 25 de Abril e a consolidação democrática portuguesa, e, especificamente, sobre os desenvolvimentos e desafios associativos enfrentados pelas associações populares do Porto criadas durante o PREC e nos primeiros anos após a aprovação da Constituição da República Portuguesa. O projeto baseia-se em três estudos de caso – Universidade Popular do Porto, Associação Nacional dos Deficientes Sinistrados no Trabalho e Associação de Moradores da Lomba – constituídos a partir do património de intervenção social e educativa desenvolvido na formação de Educadores Sociais da Escola Superior de Educação do Porto.
Passadas quase cinco décadas, estas associações mantêm-se ativas e reivindicam o legado democrático da Revolução de Abril, o que justifica um estudo detalhado da sua história e práticas associativas.
Em linha com Rodrigues (2015), importa questionar em que medida as raízes da mobilização popular se mantêm nestas associações, a que nível, com que intensidade e com que novas dinâmicas. Por outro lado, o projeto visa também preservar uma história social e coletiva do associativismo popular a norte do país ainda pouco estudada e conhecida, embora fundamental para a compreensão e evolução da democracia portuguesa nos últimos 50 anos. Para responder a este objetivo, o projeto recorre também à metodologia da história oral, visando recolher testemunhos orais e parte dos arquivos destas associações, disponibilizando estes dados à comunidade académica e ao público em geral.